Falar sobre moda é falar sobre MOMENTO, é falar sobre algo que faz sentido somente em um tempo único, próprio. A moda passa, os tempos passam, e outras novidades surgem no mercado dando lugar ao que até então parecia insubstituível. Mas ela também é cíclica, como a gente bem sabe! De tempos em tempos, algumas tendências reaparecem pra deixar a galera feliz ou em total desespero! haha A calça de cintura baixa tá voltando aí pra provar meu ponto.
O conceito de moda fala muito sobre um mercado que começou a crescer no início do século XX, mas você já parou para pensar como era se vestir antes disso? Homens encomendavam seus ternos aos alfaiates e mulheres pediam seus looks às costureiras, que faziam as peças sob encomenda e com tecidos que normalmente eram importados de outros lugares do mundo. A variedade de cores, texturas e cortes era pequena e uma roupa assim, exclusiva e feita sob encomenda, era de acesso super restrito! Tá, isso não mudou muito, né?
Foi no início do século XX, com o crescimento das cidades, que surgiram as primeiras lojas de roupas. As boutiques geralmente eram empreendimentos de mulheres, muitas vezes imigrantes francesas. Com elas, também surgiram as primeiras lojas de departamento, e essas continuam iguais até os dias de hoje, vendendo de tudo um pouco: roupas para homens, mulheres, crianças, artigos para casa, perfumes, maquiagens. Era o paraíso do consumo, um protótipo dos shoppings, que viriam anos depois.
Nessa época, as roupas vendidas para as mulheres eram bem fechadas e pesadas, com bastaaaaante tecido e muitos frous-frous (oui!), porque seguiam a moda francesa, e a overdose de acessórios completavam o look. As mulheres usavam chapéus e lenços para o passeio no centro, que acabava em um chá das cinco em alguma confeitaria própria para moças. Sim, isso existia! haha Só anos depois Coco Chanel deu seu conselho icônico: antes de sair de casa, se olhe no espelho e tire o último acessório que botou!
As lojas de departamento bombaram, claro, e o comércio se ligou que precisava diversificar! Nas décadas seguintes, já havia muuuuuito mais oferta de produtos e uma variedade maior de preços, cores e tipos de tecidos. Aqui começou a construção da mulher ideal: com vestidos bem estruturados, ela aparecia sempre impecável em público: roupa, maquiagem, salto alto, bolsa, tudo combinando em perfeita harmonia, como deveriam ser os lares das famílias. A série Mad Men tem os melhores figurinos para representar esse momento, principalmente a personagem Betty Draper. Quem já viu?
Moda é protesto
No final dos anos 1960, uma transformação profunda nos costumes transformou os jovens em consumidores. Juventude=política, sempre foi assim, então as roupas para “a galera” tinham a missão de vestir, mas também de transmitir uma mensagem. A década de 1970 foi marcada por movimentos jovens pelo mundo, principalmente em contestação a governos autoritários e à Guerra Fria.
Naturalmente, as roupas acompanharam esse movimento, o jovem que protesta não pode ficar preso a mil camadas de tecidos, certo? Os looks agora precisavam ser mais leves, fáceis de manter, descomplicados. E mais importante: precisavam exalar LIBERDADE. Hoje talvez pareça que não, afinal, rola se vestir de forma MAIS confortável ainda, mas naquele momento, a peça que mais se aproximava dessa ideia era a calça jeans. Usada por homens, mulheres e crianças, ela era sinônimo de conforto!
Para todx
A moda sem gênero parece um conceito super atual, mas a real é que as roupas unissex já estavam no horizonte lá na década de 1970. Em uma campanha publicitária dessa década, a Adidas anunciava seus agasalhos como anti-alérgicos (hein? haha), unissex e detentores de um know-how único. “Nesse inverno, todo mundo elegante, atraente, flexível, esportivo e quentinho”, dizia a propaganda! haha Já a Valisere tentou emplacar as cuecas femininas, trazendo roupas íntimas confortáveis para um mercado marcado pela sexualização e pelo desconforto feminino. Gostamos!
Eu poderia escrever mais uns 20 posts sobre história da moda, porque, olha, assunto não falta! Mas quero pedir uma licença aqui para terminar esse texto falando de uma coisa que sempre me intrigou: sapatos. Por muitos e muitos anos, os sapatos foram uma questão no universo feminino. Antes super fechados, com saltos não tão altos e nem tão finos, eles possibilitavam que as mulheres caminhassem pelos centros urbanos com elegância, mas também certo conforto. Com a criação do modelo da mulher ideal, os bicos ficaram cada vez mais finos e os saltos mais altos, exigindo uma outra postura da mulher, em todos os sentidos possíveis. Mas foi com a ascensão da juventude que os tênis ganharam seu espaço. Os modelos simples de bamba ou conga entraram no armário das meninas brasileiras, evoluíram e nunca mais foram embora, ainda bem!
Usar uma roupa pode ser uma coisa prática do dia a dia, mas não é só isso: se vestir é se expressar! Hoje o mercado da moda é bastante variado, mas ainda falta muuuuuito pra incluir todo mundo DE VERDADE! Existe espaço (demanda, público e necessidade) para bem mais e eu espero poder ver isso acontecer! Pessoal e historicamente falando.
Amei o post nunca tinha parado para pensar nisso, amando a ideia do blog e o quanto isso nos enriquece!
Amei muito o texto! A moda tem MUITAS camadas e é legal ver como ela foi evoluindo até hoje. Acredito que vivemos a era mais plural e diversa, com menos regras e torço para que seja cada dia mais assim!
Q incrível… N sou tao ligada a moda
Mas ameiii o post
Arrasouu
Que demais <33
Gosto de ler sobre esses recortes das tantas liberdades caminhadas.
Ameeeei o post, esse assunto da história da moda me cativa demais, é doido pensar o tanto de mudança e o quanto tudo é realmente cíclico e que a gente mal percebe no dia a dia.
Que incrível acompanhar um bocadinho da história da sociedade ocidental através das roupas. Estou a adorar!
Conhecimento, galereeee! Amooo ♡
Amei demais o tema e como ele foi apresentado. Ver como a moda, a publicidade e o momento social pode influenciar tudo e todos.
Li tomando café da manhã e me perdi no texto com os olhos brilhando. Manda mais!
Sempre me fascina ler sobre a história da moda, é uma curiosidade tão interessante. Uma mesma peça de roupa que já teve tantos significados, historicamente falando, que já serviu tanto para reprimir, quanto para libertar.
Adorei o post, muito bom mesmo, parabéns Ana Luiza! ♥
Beijos,
Livro de Memórias
Arrasou, Ana Luiza!
Que fecho incrível da sua coluna esse mês! Karol e Maqui arrasaram na curadoria.
Esse assunto poderia muito bem se extender em conversa de bar e até mesmo um podcast, né? Super ouviria mais e mais. Onde mais você escreve? Adoraria continuar te acompanhando também!
Uma coisa que fiquei pensativa, é sobre a volta da ascensão do estilo Elegante. É um estilo com pouco ou nenhum jeans no guarda roupa, o que me remete a ideia de que um comportamento elegante é reservar a sua opinião política na vida privada ou somente falar à quem quer ouvir (não gritar pro mundo). E não é que a propaganda do jeans começou falando exatamente o contrário? Será que tem alguma relação? Ou somente porque o estilo elegante só valoriza peças estruturadas mesmo?
Oi Luiza!
Verdade, esse assunto rende bastante!! Teria muito mais coisas para abordar porque a história da moda é muito ampla. Na verdade não escrevo mais em lugar nenhum :( eu tenho uma empresa com outros 3 colegas e nós já produzimos muitos conteúdos no instagram mesmo (@tempografia_) e lá você pode ver diversos posts, com temáticas variadas. Os meus textos normalmente falavam sobre história da maternidade e da amamentação, sobre consumo, cidades…hoje nós temos um outro foco, mas todo o conteúdo continua lá e tem coisas bem legais! eu espero que você goste.
Eu nunca tinha pensado por essa perspectiva, mas é um ponto de vista interessante para se refletir mesmo sobre estilo e comportamento né? Quando e como essas duas coisas se juntam!
Vamos seguir trocando ideias!
INCRIVEEEEEL
amo a historia da moda, podem trazer MUITO maiiissss <3
Nossa, que post demais!! Confesso que passei por ele algumas vezes, e senti que deveria dedicar um tempo à sua leitura, porque hoje mesmo estava pensando no quanto me sinto desconfortável em querer usar o que quero (até mesmo hoje em dia, que como foi dito no post está melhor do que em épocas passadas). Sou homem, mas fico muito fissurado com os looks ao assistir Sex and the City, Euphoria e outras séries com looks icônicos (apesar dessas duas não terem nada a ver uma com a outra haha) e me sentindo muito animado pensando em ousar mais nos looks trazendo um olhar mais feminino ao meu guarda-roupas. Mas ao mesmo tempo, pensando em todo o julgamento de existir em uma cidade do interior. Enfim, concordo muito com o post quando diz que “(…) ainda falta muuuuuito pra incluir todo mundo”, e especialmente aceitar todo mundo usando o que quer…
Obrigado pelo post!!