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“Esquece, Bruno. As letras a.b.o.r.t.o. nem passaram pela minha cabeça e…”
A Camila disse ainda sentada no vaso, dentro do banheiro da minha casa.

“Nem na minha!”
Ele respondeu atropelando qualquer possibilidade de que ela continuasse com aquele discurso sobre os traumas que um aborto causaria numa garota de 17 anos.

Que bom, meu namorado era um cara legal.
Naquele mesmo dia, logo depois que a Cá foi embora nos fazendo jurar não contar sobre a gravidez para ninguém, eu e ele tivemos uma longa conversa.

Olha só, eu não sou o tipo de garota que senta na primeira fileira na sala de aula, muito pelo contrário. Eu já:

Disse que ia dormir na casa de uma amiga e passei a noite dançando na balada.
Tomei um porre com o meu primo mais velho.
Caí na piscina de roupa e rímel.
Roubei um chiclete de morango no mercado.
Menti meu nome para a atendente do Starbucks.
Fiz um fake na internet.

O fato de estar insegura sobre perder a virgindade não era puro medinho. Eu precisava fazer o Bruno perceber isso.
Aquela era a primeira vez que falávamos sobre a minha primeira vez que, consequentemente, seria também a nossa primeira vez.

É bizarro pensar que, naquele mesmo momento, minha mãe estava na sala, minha melhor amiga sofrendo por causa de uma gravidez e eu não conseguia pensar em mais nada além de nós dois, ali, sentados, conversando. Na minha cabeça, a frase “momentos que mudam a vida” fazia uma dança bizarra.

Eu derramei uma lágrima, ele outra e, do nada, estávamos bem no meio de um abraço que durou longos 10 minutos. Não sei o que me deu na cabeça, mas com muito cuidado, tirei do corpo do Bruno a camisa xadrez com cara de velha que estava por cima da camiseta do colégio. Ele tirou a minha jaqueta jeans.

O que estava acontecendo?

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Leia também:
Parte 1 – O sinal
Parte 2 – O resultado
Parte 3 – A verdade
Parte 4 – A solução